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| Personagens de 'Dom Casmurro' foram representados por alunos |
Culpada. Inocente. Culpada. Inocente. Escrito há mais de um século, o livro 'Dom Casmurro", de Machado de Assis, e sua personagem Capitu, ainda instiga debates e diferentes interpretações. Para os alunos da E.E. Nelson Fernandes, em Santa Rita do Passa Quatro, localizada na região de Pirassununga, não foi diferente. De um lado, estudantes defendiam a personagem, do outro, a culpavam por adultério. Tudo isso em um júri idealizado pela vice-diretora Daiane Bragante Zerbato, que estimulou a análise textual e muito aprendizado aos estudantes.
"Muitos alunos optaram pela faculdade de Direito e se empenharam no estudo. O tema adultério é frequente nos romances do fim do século XIX e o romance machadiano mantém tematicamente a sua fidelidade ao realismo, escola literária estudada no momento', explica a vice-diretora.
Antes de promover o júri simulado, os alunos leram a obra por capítulos, realizaram rodas de conversa para análise crítica, e se prepararam para o julgamento da personagem. O tema da 'culpa' ou inocência da personagem é fonte permanente de discussão de estudiosos e pesquisadores. No romance, a narrativa está centrada em Bento Santiago, o Dom Casmurro, que conta em primeira pessoa a sua visão de que Capitu - sua esposa - seria, de fato, adúltera.
"Conseguimos envolver 80 alunos do 2º e 3º anos do Ensino Médio, com o objetivo de incentivá-los ao estudo e interpretação de uma das maiores obras da literatura brasileira, escrita há mais de um século e que ainda hoje instiga debates e diferentes interpretações", explica.
A ré Maria Capitolina Santiago – Capitu como é conhecida - foi denunciada pelo Ministério Público pela prática de adultério e o veredicto final a considerou inocente pela maioria das pessoas presentes no julgamento. "Os alunos saíram satisfeitos com o veredicto final", conta Daiane.
Para iniciar o julgamento, o juiz, a assistente do juiz, a escrevente e os estagiários realizaram uma explanação prévia sobre o procedimento aos discentes.
O júri seguiu o roteiro de praxe: abertura e sorteio dos jurados entre os discentes, oitiva das testemunhas de acusação e defesa, interrogatório da ré, alegações orais do Ministério Público, alegações orais da Defesa, Réplica, Tréplica, deliberação dos jurados, leitura da sentença. Todos os personagens do júri foram representados por alunos e estagiários do fórum.
"É o protagonismo juvenil construindo novos saberes, democratizando informações, construindo estratégias e desenvolvendo ações em parceria', ressalta Daiane.
O evento aconteceu no mês de maio, em parceria com o juiz de direito Dr. Raphael Augusto Cunha, da 2º vara da Infância e Juventude, no fórum local, e teve apoio da diretora da escola, Maria Angela Fantinato, a Coordenadora Paula Lorenço Pereira, e os professores Alexandra Fernandes de Gino Zordão, Angela Maria Eleodoro e Rosa Zorzi.
